Dr. Geraldo Gurgel Junior, Chefe da Unidade de Apoio Araras
Norte, nos concedeu entrevista exclusiva esclarecendo sobre o assunto.
Famoso por ser o quarto maior açude do estado do Ceará, com capacidade hídrica de aproximadamente 891.000.000m3, o açude Araras leva vida através de suas águas para algumas cidades e também pode ser considerado o órgão principal que impulsiona o município. Entretanto com a falta das chuvas, o nível da água está baixando. E uma obra do Governo do Estado do Ceará, que irá levar água do açude Araras para os municípios de Crateús e Nova Russas, através de uma adutora, tem previsão para iniciar seu funcionamento no mês de novembro. Trazendo consigo a preocupação da possibilidade do açude secar.
0 Blog De Tudo Um Pouco: Dr. Geraldo, qual a
capacidade atual do açude Araras e quantos municípios o mesmo abastece?
Dr. Geraldo Gurgel Junior:
“Atualmente estamos com 17%, ou seja, 149.400.000m³. O açude abastece
diretamente Varjota, Reriutaba, Pires Ferreira, Ipu, Hidrolandia e as
localidades: Delmiro Golveia e Sangradouro”.
Blog De Tudo Um Pouco: O açude estando com
apenas 17% de sua capacidade hídrica, será possível liberar água através dessa
adutora para Crateús e Nova Russas sem que Varjota seja prejudicada?
Dr. Geraldo Gurgel Junior:
“Com certeza Varjota não será prejudicada. O intuito do DNOCS - Departamento
Nacional de Obras Contras as Secas - ao construir o Araras era de perenizar o
vale do Acaraú para haver água nas crises de seca. Nesta época Varjota ainda
não existia, pois foi surgindo em função da construção do açude. A água é um
bem universal, e a quantidade que será liberada para estes dois municípios é
muito pequena. Não seria capaz de ser a responsável pela seca do açude. Além disso,
já estão sendo realizadas medidas preventivas, como o racionamento de água na vazão
para as beiras de rio e para o perímetro irrigado. Na simulação feita pela COGERH
- Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – em 31 de janeiro de 2015 o açude
Araras deve estar com em média 82 a 84 milhões. É preciso que a população saiba
que em torno de 35 a 40% de baixa no açude dá-se devido à evaporação da água.
Daí a necessidade de utilizá-la ao invés de ser evaporada.”
0 Blog De Tudo Um Pouco: E este racionamento
não pode vir a prejudicar a produção no perímetro irrigado?
Dr. Geraldo Gurgel Junior:
“Não, pois havia certo desperdício e a redução de em média 40% da liberação de
água, juntamente com melhorias na eficiência da irrigação tem sido o suficiente
para a produção sem prejuízos.”
0 Blog De Tudo Um Pouco: Porque as beiras de
rio que estavam com pouca água voltaram a ficarem cheias?
Dr. Geraldo Gurgel Junior:
“Ate 2013, 5mil litros de água eram liberados por segundo. Com a baixa
considerável do açude e como uma forma de racionamento, esse ano foi
determinado que a vazão das águas não pode ser superior a 3 mil litros.Esse
aumento que foi notado há alguns dias nas beiras de rio, foi decorrente da
necessidade de se abrir uma maior carga d’água para que chegasse o mais rápido
possível à região do baixo Acaraú, pois o mesmo já estava tendo prejuízo nas
culturas. Assim que as águas chegaram, a vazão foi normalizada e hoje estão sendo
liberados 2600 litros.”
0 Blog De Tudo Um Pouco: E se não houver inverno?
Dr. Geraldo Gurgel Junior:
“Vale ressaltar que os institutos de meteorologia dizem que há uma
possibilidade de instalação do fenômeno El Niño, que acarretaria outra seca. Mas
no ano de 2009 foi um grande inverno onde o açude encheu, inclusive sangrou em
pleno El Niño. Estamos nas mãos de Deus
e fazendo o que está em nossas mãos. As medidas preventivas já começaram a ser
tomadas, como o racionamento na liberação de água nas beiras de rio e no
perímetro irrigado.”
“Economizar água deve
ser um hábito diário, não somente durante a seca. Temos que preservar esse bem
da natureza.” Dr. Geraldo Gurgel Junior
Por Samille Sá
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